Cascavel – A reunião semanal da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) discutiu ontem o projeto da nova Ferroeste, que ligará Dourados (MS) a Paranaguá (PR). De acordo com diretor-presidente interino da Ferroeste, Rodrigo Cesar de Oliveira, o estudo técnico para a viabilização do projeto está em andamento e será concluído em dezembro. Com o novo trecho, a ferrovia terá uma extensão de mil quilômetros.
Dos seis consórcios que demonstraram interesse em realizar o estudo, quatro foram autorizados pelo governo do Paraná. O custo é de R$ 25 milhões.
Segundo Oliveira, após a conclusão do Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental (EVTEA), os consórcios entregarão, com o Estudo de Impacto Ambiental, o resultado à comissão técnica que escolherá um dos trabalhos que irá balizar a licitação da obra. “A comissão vai escolher a melhor opção técnica que viabilize essa ferrovia e a opção [escolhida] será reembolsada pelo ganhador da licitação em 2019. Não há gastos ao governo. O estudo acaba aliando a parte de capital e conhecimento técnico da área privada com a demanda do Estado. Então a gente converge dois interesses muito importantes para o desenvolvimento do Estado”, diz Oliveira.
Os consórcios que estão trabalhando no estudo possuem capital internacional como francês, espanhol, americano, chinês e coreano, em conjunto com o capital brasileiro. Empresas de diferentes regiões do planeta, entre elas da China, Estados Unidos e Canadá, além de países árabes, têm procurado o governo do Paraná para buscar informações sobre a licitação em 2019. “A gente tem uma gama de interesse internacional por essa ferrovia, dada a demanda da região e a viabilidade desse projeto”, avalia.
Deficiência
No Porto de Paranaguá, 80% de todo o movimento de cargas tem como origem o transporte rodoviário e apenas 17% chega pela malha ferroviária. Com a nova ferrovia, que após o início da obra deverá estar concluída em até 10 anos, a expectativa é de que o volume de cargas exportadas por Paranaguá aumente em 450%. No ano passado o porto paranaense teve um movimento de 51 toneladas de carga – tanto na exportação quanto na importação. A projeção para este ano é de 55 milhões.
Comparativo
Enquanto no Porto de Paranaguá apenas 17% das exportações chegam via modal ferroviário, em São Francisco do Sul (SC), as ferrovias representam 49% de tudo o que é exportado e em Santos chega a 37%. “Hoje não temos um modal ferroviário eficiente no oeste do Paraná”, diz Oliveira.
Uma das principais bandeiras para a defesa da nova ferrovia é o custo do transporte de carga, além da dependência dos caminhões. “A greve dos caminhoneiros alertou sobre a questão de logística”, observa o diretor.
Um estudo mostra que o custo para transportar uma tonelada do Mato Grosso do Sul até Paranaguá é mais alto do que o transporte entre o litoral paranaense e a China, por exemplo. “O Paraná perde R$ 300 milhões ao ano por não ter um modal ferroviário eficiente”, destaca Oliveira.
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, diz que não é possível que a soja que sai da região oeste precise parar em Guarapuava, onde a partir dali a ferrovia é privada. “O soja tem que sair daqui, passar por Guarapuava e ir para o porto”, ressalta.
A dependência do transporte rodoviário traz perda de competitividade. “Não adianta termos um terra fértil, bom clima alta produtividade se na hora de colocar nossos produtos no porto nós temos dificuldades”, destaca o líder cooperativista.
A malha ferroviária atual entre Guarapuava e Paranaguá é mais lenta do que o trecho de 250 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava, que é feito em 10 horas. O trecho entre Guarapuava e o litoral tem a mesma distância, mas o percurso é feito em 19 horas. “A chance de desenvolvimento do oeste é praticamente nula se depender dessa malha ferroviária”, destaca Oliveira.